02 de Dezembro de 2025

Novembro Salvador Capital Afro: Feira Preta Festival reúne 30 mil pessoas em evento de estreia em Salvador

Foto: Nti Duarte / Divulgação

A primeira edição do Feira Preta Festival Salvador, que fez parte da programação do Novembro Salvador Capital Afro, reuniu mais de 30 mil pessoas durante os três dias de programação gratuita no Centro Histórico da capital baiana. Entre música, debates, desfiles, gastronomia, audiovisual, games e atividades infantis, o evento celebrou a potência da economia preta baiana e consolidou um novo marco para a cultura afro-diaspórica no país.

A vice-prefeita e secretária de Cultura e Turismo (Secult) de Salvador, Ana Paula Matos, destacou a importância do festival para a capital baiana: “A cidade, ao reafirmar a sua identidade, irradia alegria para o mundo. Iniciativas como o programa Salvador Capital Afro, que investe recursos significativos em capacitações como o Afroestima e o Afrobiz, bem como um projeto com a magnitude da Feira Preta, demonstram esse compromisso”, disse.

“A Prefeitura vem construindo uma rede de colaboração com aqueles que compartilham os mesmos valores, promovendo um diálogo genuíno e uma compreensão profunda da identidade baiana. Essa colaboração transcende o apoio financeiro, visando a construção de uma visão conjunta e o estabelecimento de uma linguagem comum por uma cidade antirracista e comprometida com igualdade de oportunidades”, completou Ana Paula.

Para Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta, realizar o festival em Salvador representa um momento simbólico e transformador: “Foi um sonho que se materializou com muita força. A Bahia é um dos centros mais potentes da diáspora negra no mundo, e ver esse território vivo, pulsando cultura, empreendedorismo, tecnologia e afeto, é a confirmação de que essa cidade sempre fez parte da nossa história, e agora, oficialmente. Esta edição mostra que quando a economia preta se encontra, ela movimenta pessoas, transforma realidades e cria futuros”, afirmou.

O evento, realizado pelo Instituto Feira Preta, é considerado o maior festival de cultura e empreendedorismo negro da América Latina, e foi realizado pela primeira vez na capital baiana. O Feira Preta Festival Salvador ocorreu entre sexta-feira (28) e domingo (30), e contou com o apoio da Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), como parte da programação do Novembro Salvador Capital Afro.

Música – No sábado (29), o show de Sued Nunes, indicada ao Grammy Latino 2025, emocionou o público e abriu o Palco Axé com força e poesia. “Cantar no Feira Preta tem um significado enorme pra mim. É um festival que sempre admirei, por valorizar nossas histórias e cuidar da gente em cada detalhe. Subir nesse palco, ao lado de Josyara, é celebrar a força da nossa música e das trajetórias negras que nos trouxeram até aqui. É um espaço que acolhe, potencializa e lembra por que fazemos arte”, afirmou Sued.

A participação especial de Rachel Reis no show de Jau também marcou a noite de sábado. “Me sinto feliz de fazer parte desse momento histórico. A gente sabe como é necessário fomentar a economia criativa, apoiar quem faz seu ‘corre’ e precisa de suporte. Fico muito feliz de participar e de ter cantado com Jau. A energia da galera estava lá em cima”, destacou Rachel.

No domingo (30), a programação musical reafirmou a força da cena preta baiana com apresentações de Pagode Por Elas, Yan Cloud, Vírus Carinhoso, Ministereo Público, além da presença vibrante do Samba Orisun e da sequência contagiante do Baile Essencial. O Kannalha transformou a Praça Maria Felipa em um grande baile afro-baiano, uma das últimas apresentações da noite de domingo.

“A gente combate o racismo quando já estamos aqui, num palco como o do Feira Preta, cantando a nossa música, para todas essas pessoas. Quando temos a oportunidade de trazer o pagode baiano e vários outros ritmos que nasceram da cultura preta para o público dançar, se divertir, já estamos combatendo o racismo”, disse O Kannalha.

Economia criativa – Com mais de 130 marcas no Mercado da Preta, apresentado pelo Sebrae, e 16 empreendedores na área gastronômica Preta Degusta, o festival impulsionou diferentes setores da economia preta local. Os desfiles do Preta na Moda, em parceria com o Instituto C&A, apresentaram coleções de estilistas baianos e marcas da Fancy Africa, fortalecendo o ecossistema da moda preta contemporânea.

Rei Vilas Boas é estilista e fundador da marca homônima, um ateliê de moda autoral e sustentável que trabalha com estética, retalhos, sobreposições e referências da espiritualidade afro-brasileira. No Feira Preta Festival, ele participou tanto da feira de empreendedores, expondo suas peças, quanto do desfile no Doca 1 com a coleção Maria Mulambo, inspirada na força simbólica dessa entidade cultuada em tradições como o Candomblé e que conversa diretamente com o reaproveitamento de materiais e o conceito de moda sustentável.

“Participar da feira de empreendedores da Feira Preta é muito potente. A estrutura, a estética e o cuidado com o espaço valorizam o nosso trabalho e permitem que a gente mostre a nossa moda com dignidade. É lindo ver as pessoas se conectando com a minha marca e sentir esse verdadeiro aquilombamento entre nós, empreendedores pretos”, conta Villas Boas

Carla Cristina é a criadora do Atelier Carla Cristina, marca de acessórios autorais produzidos à mão em cerâmica plástica, um material leve, lavável e com base em polímeros de PVC. Suas peças, femininas e masculinas, são combinadas com aço inoxidável, o que evita alergias e garante durabilidade. Expositora do Festival Feira Preta, Carla participou em 2024 do programa Feira Preta Cria, onde se estruturou em áreas como finanças, redes sociais e gestão, impulsionando o crescimento do seu empreendimento.

“Estar na Feira Preta é a realização de um sonho. A formação do CRIA e o apoio do Instituto Feira Preta mudaram meu negócio e me deram estrutura para crescer. Para nós, pequenos empreendedores, ter uma rede que nos acolhe, orienta e impulsiona faz toda a diferença e aqui eu sinto exatamente isso”, explicou Carla.

A Feira Pretinha reuniu atividades lúdicas afrocentradas, oficinas e empreendedores mirins. Já na Casa das Histórias de Salvador, uma curadoria de filmes e rodas de conversa evidenciou narrativas negras no audiovisual. O espaço de games, em parceria com a Salve Games, marcou presença com títulos como Zumbi dos Palmares e Murukutu: Floresta corpo-território, enquanto o mapping e apresentações de stand-up completaram a diversidade das experiências.

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